sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Menino e O Monstro

O menino deita na cama, sua mãe fecha o livro de histórias, beija a sua testa e deseja-lhe boa noite. A história que a mãe acabara de ler para seu filho era sobre um monstro que vivia debaixo da cama e comia criancinhas. Não sei se esse tipo de livro é o mais recomendado para ler a uma criança antes de uma noite de sono.
Em sua cabeça, o menino matutava cada detalhe estapafúrdio da história. Ele só tinha oito anos, mas percebera que a história fora mal contada. Não questionara a mãe no momento em que narrava o conto “O menino e o monstro”, até porque seria uma total falta de respeito, não só com a própria mãe, mas com seus antepassados, afinal, esse livro era lido e repassado há gerações, e era levado muito a sério por toda a família.
O menino não sabia se todos realmente acreditavam naquele conto, ou só fingiam acreditar para não faltar com o respeito com os mais velhos. Mas ele, mesmo que quisesse, não conseguia crer na possibilidade daquela história ser real. “Como pode existir um monstro? Como ele existindo, poderia viver debaixo da cama e nunca ser visto? E ainda, como ele sabia quais crianças eram boas e quais eram más, para saber qual ele iria comer? E ainda se soubesse, o mesmo bem e mal para o monstro era o dos seres humanos? Que história mais sem pé nem cabeça. Mas até que é boa para pegar no sono”

sábado, 24 de janeiro de 2009

Objeto Não Identificado: presente-potente-ciente

Deus apareceu pra mim hoje (acreditem se quiser). Para o meu maior espanto Ele era: calvo, barba branca, olhos azuis, aparência de um senhor de 70 anos, vestido com um manto branco. De uma imensidão, do tamanho de um prédio de onze andares. Olha, essa altura do campeonato, eu tinha tomado apenas umas quatro ou cinco latas de cerveja, nada comprometedor, nada que pudesse tirar a credibilidade sobre a minha própria consciência, a não ser pelo fato de eu ter visto Deus. “Fiquei louco”, pensei. Mesmo assim resolvi escutá-lo, afinal não é todo dia que aparece um gigante, calvo, de barbas brancas, mesmo se for alucinação, valeu a pena tê-la. Sendo Ele ou não, é impressionante como o poder do cérebro é capaz de fazer uma coisa tão real, mesmo não sendo. Agora, abrindo um parênteses, o que acho engraçado, é que ninguém vai acreditar, quando falar que Deus apareceu pra mim, mas acreditam nele, mesmo assim acham inviável que eu possa tê-Lo visto, e vão dizer que eu estou ficando louco, eu que não acredito mesmo nessas coisas de Deus eticétaras e tals, posso até achar que estou maluco, agora, porque que Deus, que tanto existe não pode aparecer, até agora não sei direito se o que vi era real, mas era tão palpável, que resolvi começar a acreditar; foi então que Ele disse, antes mesmo que eu pudesse abrir a boca:

-Não necessitais expressar oralmente, pois sou Deus, onipotente-presente, que vos fala.

Acredito que ele não estava falando só comigo, ou será que Ele só sabe falar na segunda pessoa do plural? Continuou...

-O sentido da vida é:
Primeiro: aqueles que devotam sua vida a mim, agradeço e obrigado.
Segundo: aqueles que simplesmente acreditam, ou por simplesmente acreditarem ou por medo, também agradeço.
Terceiro: aqueles que só curtem a vida, mas têm os valores talhados pela sociedade, e mesmo não tendo crenças, agem de forma que acham certo, obrigado.
Quarto: aqueles que curtem a vida e não se importam com ninguém, e passam por cima dos próprios valores, ou dos valores talhados pela sociedade, obrigado.

Eu, sem entender nada, nem tempo de pensar, Ele prosseguiu...

-Porra bicho, sou onisciente, sei passado, presente, futuro. No momento da criação já sabia tudo o que aconteceu, não tudo o que aconteceria, sabia todo o acontecido, desde o momento em que decidi criar tudo, aliás, não decidi de uma hora pra outra, já sabia que o mundo estava criado a partir de tal ponto do tempo.
-Sim, sim. Sou sádico e não tenho mais o que fazer.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Imprevistos sem causalidades

Hoje acordei, tomei café, me machuquei, comprei jornal... Era só o que faltava aqui, um post assim. Ah, antes que eu esqueça, a parte em negrito é o início da música Querido Diário - João Bosco. Não iria começar um texto assim, creio eu.
Se fosse começar desse jeito, começaria: Um cara distinto, autêntico, acorda, como de praxe toma um café, café preto com pouco açúcar (o necessário para quebrar o amargo, mas sem mascarar o gosto do café). Estabanado, atrasado, fazendo inúmeras coisas ao mesmo tempo, bate com o joelho na quina da cadeira, xinga o nada, e continua o que iria fazer depois do processo de acordar: comprar um jornal na banca à frente de sua casa.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Post Sem Cigarro

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O que há devir

Pensei saber o que viria
Tentei antecipar o será
Pena que se tornara seria
Queria eu, tanto que fosse

Não é
Queria viver no seria
Quero o que era pra ser
Só tenho o que é

O ser
O que é
Não quero
Tenho

Prevejo o será
Manipulo o é
Para transformá-lo
Em seria

Só satisfeito
Quando o seria for é
E o é
Se tornar seria

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

...

Que lugar é este? Há anos estive aqui. Avalanchou-me as recordações existentes, de tanta luta, haviam sido empurradas para o fundo, e pensei ter conseguido, enganando-me, fazer com que elas desaparecessem, como se algo pudesse desaparecer. Sucumbi, foi tudo em vão, só adormeci-las por um período de tempo, talvez breve, talvez longo.
Tentarei empurrá-las para trás novamente, com a esperança de esquecê-las, como se fosse possível esquecer qualquer coisa, qualquer coisa até é, mas não uma memória tão importante e marcante desse tipo. Então ganharei uma breve batalha, até sucumbir novamente, e empurrá-las mais uma vez, para outra vez sucumbir. Assim espero, não quero, porém, espero.