sábado, 14 de novembro de 2009

O elevador caiu pra cima

 
    Eu, particularmente, em minha própria opinião, expresso toda a revolta, advinda do meu âmago, que possuo dentro de mim mesmo. Mais precisamente, quando digo que subir pra cima ou descer pra baixo não são pleonasmos, não estou apenas defendendo uma hipótese absurda criada por um insano com disponibilidade ociosa muito maior do que deveria, possibilitando, assim, uma teoria conspiratória a respeito de pleonasmos, quero, realmente, dizer que tem fundamento baseado, principalmente, na especificidade de que um considerado pleonasmo possa acrescentar a uma ideia.
    Por exemplo, esses dias, soube duma história, e não soube duma estória, de um elevador que caiu pra cima. O cara saiu branco, não chegou a se machucar, mas é óbvio que qualquer queda de elevador, em qualquer direção, tanto pra cima como pra baixo, tem o poder de causar espanto. E claro que também causou-me interrogações, afinal, contaram-me que o elevador caíra pra cima. Mas achei a explicação bem plausível, aliás, a única maneira de expressar que o contra-peso, que equilibra e dá a cadência certa ao elevador, rompera e fizera com que o elevador subisse, subitamente, até o último andar, como consequência a brancura do homem que caiu pra cima. E ele disse que o elevador caiu, e caiu mesmo, não haveria outra maneira de contar este fato, sem entrar em maiores delongas, do que dizer que o elevador caiu pra cima, porque o sentimento foi de queda, de o quedar súbito, e a expressão que melhor designa isso, por mais absurda que possa parecer, é: o elevador caiu pra cima.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Liberdade: uma destas detestáveis palavras que tem mais valor que significado"


    Negros descem e sobem a montanha, carregam pedras e troncos. Do cume, após um dia de trabalho regado a suor e cansaço, almejam, com os olhos embotados de pôr-do-sol escondendo-se na unção entre oceano e horizonte, de meninos e meninas brincando pelas ruas de paralelepípedo, de senhores e senhoras rindo e bebendo vinho e de casinhas, construídas umas encostadas às outras, de tão felizes famílias livres, um dia, nem que seja nos fins de suas vidas, serem livres.

    Abraçado ao negrinho, o já velho, porém forte, negro, com os olhos tentados a transbordar desesperança, disfarça e tenta expressar um esboço de esperança.

    - Um dia o teu filho irá brincar de bola igual àquelas crianças, um dia beberás vinho com tua mulher e sorrirás alegremente.

    O negrinho, sabendo do esforço de seu avô em tentar poupá-lo, sorri dissimuladamente, tentando persuadi-lo que cria em tudo o que o mais velho contava. Era esperto o suficiente para perceber que aquelas estórias que escutava não passavam de estímulos enganosos com intuito de não permitir aos negrinhos perderem a vontade de viver.

    Mesmo sem vontade, e sem condições de atribuir sentido algum ao seu dia-a-dia, continuava a rotina, dia sobre dia subindo e descendo a montanha, carregando pedras e troncos, para construir sei-lá-o-que para sei-lá-quem.

    O agora não mais negrinho, no fim dos seus dias, encontra-se abraçado ao seu neto, após um longo dia de trabalho, no cume da montanha, observando o pôr-do-sol.



sábado, 7 de novembro de 2009

Utilidade Pública

Consegui postar nada. Não consegui postar nada. Se não consegui postar nada é porque consegui postar algo. Se postei algo é porque não consegui postar nada. Se consegui postar nada é porque não postei algo. Se não postei algo é porque postei nada. Queria postar nada. Não consegui postar nada.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Redutor de neura


    Jogo. Leste jôgo ou jógo? Tá, foi só um caricaturismo. Pára com isso. Agora, com essa palhaçada (acordo ortográfico), seria: Para com isso. E se só colocasse Para com isso, sem antes contextualizar... Ambíguo? É, eu sei. Pediria um complemento, no segundo caso [(Para usado como preposição) te subestimo demais? É fruto da neurose de ser incompreendido]. Porventura, quisesse eu,  por motivo qualquer, frasear de maneira incompleta, sem contextualizar, ficaria à mercê da tua interpretação (obviamente, sempre fico, mais ainda sem o acento diferencial).

    Pra quê simplificar se se pode complicar? As nuanças da língua propiciam maior proximidade - não significa que chegarei a estar próximo de ti -, menor desaproximação (afastamento). A minúcia, a meticulosidade, o pequeno detalhe (tá!, não vou ficar explicando aqui o pleonasmo do pequeno detalhe e nem os sinônimos “desnecessários”) são, necessariamente (invariavelmente), necessários, principalmente pra ti e pra mim, pois permitem a diminuição das neuras. Será que entendi o que quiseste que eu entendesse [(aqui, há uma rápida inversão de pessoa em relação ao pronome - o escritor se transforma na segunda do singular e o leitor  na primeira - para, na frase seguinte, voltar ao que era) ficou um tanto rodapé e quebrou a fruição, fazer o quê?]? Será que entendeste o que quis que entendesses?