quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Sonhos bobos... e tolos


Enquanto o mundo a nossa volta vai acontecendo, vamos nos adaptando. Tentando nos adaptar sem fugir das nossas raízes, mas é claro que esse mundo que acontece a nossa volta, por mais que lutemos, interferirá, mais cedo ou mais tarde, em nossas vidas. No início lutamos, enrijecemos, resistimos aos novos fatos. Boa parte desiste da luta nas primeiras oras, deixam-se levar pela preguiça e pelo medo de subverter a nova “onda”. Outros vão um pouco mais longe, mas também tombam. E há os que preferem morrer a perder a ternura.

Difícil achar quem prefira o atrito, a sombra da derrota, a possibilidade de ceder. Conformar-se e continuar vivendo impera no sentimento alheio. Arriscar a estabilidade não está mais na moda, e como a moda (costumes) dita o comportamento, o que há de essencial é a estabilidade econômica e a preocupação com o próprio umbigo. Equilíbrio econômico, tanto individual, quanto no âmbito de Estado: a moda agora é não ser oposição, é ser a oposição da oposição, o retorno do que já era, com intuito de continuar sendo o que sempre foi.

De repente seja apenas o fantasioso que impregnou no imaginário, mas o passado sempre parece mais romântico, mais tolo, mais... Repleto de sonhos bobos. Jovens petulantes e prepotentes superestimavam-se, tinham a ideia tola de que poderiam mudar o mundo que acontece a sua volta; acreditavam, talvez por intuição, que o mundo não estava de acordo com o que eles idealizavam, e de alguma forma, nem que fosse em discussões improdutivas, tentavam modificar qualquer coisa, mesmo que em vão.

Poder-se-ia dizer que os jovens de agora são mais inteligentes, mais realistas... Que têm os pés no chão. Poder-se-ia dizer que os velhos de hoje, os jovens de outrora, eram tolos e sonhadores e que ilusões não levam a lugar algum. Poder-se-ia dizer que Joe Gould foi um dos maiores tolos, que o livro “O segredo de Joe Gould”, de Joseph Mitchell, nem deveria ter sido escrito. Uma história de um mendigo (quem estiver lendo ou pretende ler o livro deveria parar de ler o post agora) que não acreditava na História contada nos livros de escolas, que estava escrevendo “A grande história oral da humanidade”, pois cria numa revolução da História, contada a partir dos relatos de pessoas “comuns”, e ao chegar nas últimas páginas o leitor depara-se com a mentira, descobre que Joe Gould estava escrevendo nada, que era um grande mentiroso. Poder-se-ia dizer que a história de um mendigo mentiroso não mereceria anos da dedicação de Joseph Mitchell e nem as árvores cortadas para a fabricação do livro. Poder-se-ia dizer que “O segredo de Joe Gould” fora escrito em vão. Poder-se-ia dizer... Mas não fora dito por alguma razão.

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