segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Vômito


    Vício. Não há outra explicação senão o vício. Não sei se se pode chamar de vício; ou se vício seria a designação mais adequada. Por falta de vocabulário, ou talvez por falta de ciência do que realmente é, denominarei vício. Sem contar os outros dois hábitos, que eu já posso tomar como vício –  beber café e fumar -, apesar de que, principalmente o primeiro, eu não considere vício, mas como ingiro diversas doses ao dia, devo chamar de vício, pelo menos é assim que esperam que eu chame, porque, de outra maneira, eu seria tido como um viciado de qualquer forma, um viciado ainda mais viciado, que nem admite o próprio vício. Cigarro, até que, de certo modo, me considero viciado, mas, no âmago, não me considero, porém, tendo a me considerar, ademais, se eu não me considerasse, pensaria que isto seria apenas um truque da minha própria mente, tentando me iludir. Então, para todos os efeitos, digamos que eu seja viciado em café e em cigarro, e estou a um passo de considerar, sentar a bunda na cadeira e redigir um texto medíocre a respeito de minhas entranhas, um vício. Já tendo a achar ruim, porque, qualquer vício, por mais inofensivo que seja, é sempre um vício, e vício nunca é visto com bons olhos. Carregar o peso da palavra viciado é sempre um estorvo. Pior seria, carregar o peso da palavra viciado sem admitir que se é um viciado, por isso, talvez, admita.
   
    Não há razão para que eu pare, pelo menos não agora. Também não há razão para que continue, não agora. Talvez seja a necessidade de expor as entranhas. Tô com vontade de cagar. Era isso.

Nenhum comentário: